Texto de autoria de Fábio Nogueira - estudante de história da Universidade Castelo Branco e militante da Educafro. E-mail: castelohistoriaucb.66@gmail.com
Estava eu no município de Queimados, no Rio de Janeiro. Era sábado de madrugada e fazia muito frio. Por volta de meia a noite soube da chacina da Candelária. No meu íntimo fiquei vibrando pela morte dos adolescentes. Por dentro eu disse: "tiveram o que merecem".
Ao chegar de noite, em casa, fui direto à TV assistir aos noticiários para ter uma melhor compreensão, e foi quando explicitei a minha alegria e o falecido do meu pai, logo tratou de conter a minha vibração. Ele, ao contrário de mim, estava horrorizado com a chacina. Não entendi a posição dele.
Minha linha de pensamento até pouco tempo era a famosa frase fascista chamada "Bandido bom é bandido morto". Não tinha ideia do quanto esse ódio estava consumindo-me sem estar percebendo.
Até pouco tempo ainda estava possuído por esse pensamento bem fascista e garanto a todos que não é fácil deixar de pensar nesta linha de pensamento de ódio tão destruidor.
Ainda bem que o ser humano evolui e desde que comecei a ficar envolvido com movimento social, passei a entender porque as pessoas ficaram tão indignadas com aquele crime e toda vez que ouço aquela maldita frase do bandido morto... chego a ficar com calafrios.
Além dos movimentos sociais que mudaram a minha visão de mundo, o estudo da história do Brasil contribuiu para o pensamento mais aberto sobre o assunto.
Vinte e cinco anos se passaram e nada mudou para resolver esse caos social. Estamos construindo mais presídios e menos escolas de tempo integral, já dizia o sábio Professor Darcy Ribeiro.
Em anos de eleições vale tudo para ganhar voto. A pauta da maioridade penal e o uso de armas com certeza estarão nos debates.
Hoje quem defende direitos humanos é chamado de apoiador de bandido. Já fiz parte desse coro. Hoje sinto na pele como é defender aquilo que é tido como anormal e depois aguentarmos as consequências. Não me arrependo.
(Via Fábio Nogueira: estudante de história da Universidade Castelo Branco e militante da Educafro castelohistoriaucb.66@gmail.com)
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