Texto escrito por Fabio Nogueira, estudante de história e professor voluntário de pré vestibular comunitário
A solução é fácil: basta atirar na cabeça ou lançar um míssil dentro de uma comunidade que o problema da violência será resolvida. É assim que funciona a cabeça do governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, para o combate à violência que assola a cidade do Rio de Janeiro. Tenho que confessar que tenho 'NOJO' de olhar para este governante, que para mim superou o ex-governo de Moreira Franco, na década de 1980.
Até pouco tempo, o ex-juiz federal era um desconhecido, surfou na onda bolsonarista. Surpreendeu a todos ao vencer as eleições para o estado fluminense vencendo veteranos da política; era o chamado outsider (não pertencente a grupos políticos). Ao apresentar seu programa de segurança, o governador foi direto e sem cerimônia ao falar que iria acertar a cabeça de quem estivesse supostamente armado, prática muito comum dps Snipers, atiradores de elite.
Wilson Witzel parece ter orgasmo ou excitação por armas, chega a ter orgulho de aparecer armado, acredito que nem o sexo carnal o deixe tão excitado assim.
Confesso que este homem me causa uma mistura de raiva e repulsa. E quem caminha junto a ele é o prefeito-pastor, Marcelo Crivella, que numa atitude fascista e autoritária achou que pode proteger a juventude censurando livros.
Não há receita mágica para o combate à violência no Rio de Janeiro. A ausência de políticas públicas do para locais desassistidos é o caminho para fermentar a violência. A pobreza não gera violência, a desigualdade, sim. A desigualdade social gerou inúmeras revoltas no Brasil e o meio mais comum para eliminar esses grupos sempre foi por meio do braço armado do Estado, a polícia. Essas ações violentas em áreas periféricas e favelas, sempre tiveram apoio dos mais abastados, que nunca se agradam com a igualdade. A classe dominante brasileira ama caridade e odeia igualdade.
Wilson Witzel é um genocida em potencial. A mesma favela que vem sofrendo nas mãos dele é a mesma que o elegeu em massa nas eleições do ano passado. O governador vem reproduzindo o que há anos ou há séculos o Brasil faz com as classes populares: massacrar.
Do Brasil colônia ao Brasil Republicano, as camadas populares sempre foram tratadas como cidadãos de pouca significância. A classe popular não tem direito a nada. O tratamento é beligerante. A pobreza é tratada como crime e eliminar segundo a interpretação beligerante da classe dominante é a solução.
Não custa lembrar que a formação que hoje conhecemos como polícia militar, vem da criação da Guarda Imperial no século XIX quando a Família Real de Portugal chega ao Brasil fugindo da França de Napoleão Bonaparte. Vale destacar que a noticia da Revolução haitiana causava temor aos fazendeiros e agora à família real de Portugal. A Revolta dos Males foi o primeiro sinal da Revolta caribenha.
Era necessário a aliança entre os fazendeiros e a Monarquia para manter a ordem (diga-se de passagem, aos escravos). A criminalização já era praticada na época.
Em nenhum momento a sociedade em geral quer o fim da polícia militar. Os modos operantes que são usados em nome da segurança são questionáveis. Não tenho a solução para o fim da violência. Mas também não concordo com o genocídio de homens, jovens e pretos.
Queremos uma policia cidadã. Queremos o poder público aplicando aquilo que é de direito que são políticas de inclusão para atenuar a desigualdade social.
Violência não se combate com mais morte e repressão! Governador Witzel,o senhor tem sangue nas suas mãos !
Livros de referencia e para leitura:
A Revolução do Haiti e o Brasil escravista_ O que não quer ser dito.
Marco Morel. Jacobinos Negros_ C L R James
(Via Fabio Nogueira, estudante de história e professor voluntário de pré vestibular comunitário)
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