Texto escrito por Fabio Nogueira, estudante de história e professor voluntário de pré vestibular comunitário.
(Texto dedicado ao ADVOGADO, PROFESSOR e ATIVISTA: NELSON JOAQUIM)
Há quatro anos venho desenvolvendo um trabalho de campo na área da história. O trabalho se chama Conhecendo a Pequena África. Essas aulas faço para alunos de pré-vestibulares comunitários, escolas públicas e o público em geral. São trabalhos de memória material ou centros de memórias históricas, onde utilizo o uso de estátuas, prédios ou lugares físicos, onde apontam indícios da presença afro-brasileira.
Resgatando a memória e construindo outra narrativa que envolve brasileiros e brasileiras, pretas e pretos dentro do cenário narrativo, cronológico e político social. Um lugar em especial que me sinto à vontade para falar mais desse país negro e formador de opinião é o galpão da Cidadania, o Cais do Porto e em frente ao Cais do Valongo.
O galpão foi construído pelo engenheiro André Rebouças. Engenheiro Negro e abolicionistas. A sua aproximação com a família Real brasileira pode ter influenciado a participação da Princesa Isabel na luta pela emancipação dos escravizados. A ideia de emancipação para o Engenheiro André Rebouças vai além da liberdade. Estava incluindo nessa pauta políticas educacionais, trabalho remunerado e reforma agrária. Como podemos notar, ia além de somente libertar os cativos.
A História do Doutor e Engenheiro André Rebouças, junta-se a outros pensadores, intelectuais, escritores, médicos, juízes e outros (as) negras e negros que romperam com a barreira da exclusão e afirmam que outros negros podem sair também da condição de invisibilidade.
Exalto aos jovens de periferia que é possível seguir adiante e romper com círculo da invisibilidade. Antes de nós, houve na história do Brasil negros e negras que contribuíram e continuam em atividade para constar na história desse país. Somos também sujeitos históricos, políticos e contribuímos com esse país. Em minhas idas ao galpão da cidadania, afirmo que trabalhar com a memória coletiva é tarefa para poucos. Afirmar que SOMOS parte como a solução do Brasil.
Minhas afirmações expressas nesse texto partem de uma agonia e repulsa em que se encontra hoje a Fundação Palmares. Instituição feita para preservar a memória do povo afro-brasileiro, está sendo saqueada por alguém ou ser ignóbil, sem caráter e sem princípios, cuja a missão é realizar um genocídio mental e histórico do negro. Esse ser não tem vergonha de ser negro, ele tem ódio das origens africanas. O genocídio memorial é tão explicito que o desprezível mandou remover do site da fundação todas as biografias de escritores negros(as) e personalidades. É declaradamente UM CAPITÃO DO MATO.
Fundação Palmares censura biografias de lideranças negras históricas em seu site
Já dizia o poeta do morro, Bezerra da Silva, que afirmou que quando morre um crioulo, nascem dez. Ou seja: o povo preto ainda resiste contra as investidas do sistema racista.
Não perderei palavras para um ser que negarei dizer o nome dele. Que fique no anonimato. Vou valorizar aqueles que já passaram e que estão entre nós para dizer que somos parte da História.
Dedico esse texto a pretas e pretos que fazem de suas batalhas os motivos para acreditar na luta:
Melquesede da Silva_ Advogado
Ângela Borges _ Advogada
Rose Rocha_ Assistente Social e coord. PVC
Rás André Guimaraes _ Professor de História e ativista
Amauri Mendes_ Professor Universitário da UFRRJ
Renato Ferreira_ Advogado e ativista
Frei David dos Santos _ Padre Franciscano
Flávia Oliveira_ Jornalistas e economista
Joana Raphael _ Jornalistas e Ativista
Noêmia dos Santos_ Professora
Tatiana Duarte_ Vice-reitora de graduação da UCB
Jacqueline Santos_ Psicóloga
Therezinha Bello _ Assistente social
Renato dos Santos_ Professor de História e coord de Pvc
Luizlinda Valois _ Desembargadora
Ivone Caetano_ Desembargadora
Tiago Alexandrino_ Professor de matemática
Marina Ribeiro_ Socióloga
André Rebouças _ Engenheiro (in memorian)
Zumbi dos Palmares_ líder da Revolta dos Palmares
Frente Negra Brasileira _Organização política negra da década de 30
Legião Negra _ Soldados Constitucionalistas
Adelina ,a Charuteira_ Escravizada, Abolicionista e “espiã”
Luiza Mahin_ Líder dos Malês
Aos Brancos Antirracistas e demais que lutam por uma sociedade igualitária
(Texto escrito por Fabio Nogueira, estudante de história e professor voluntário de pré vestibular comunitário.)
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